Quarta-feira, 20 de abril de 2016
Escrito por Marcelo Marques, sócio da 4Linux e primeiro presidente do LPI Brasil
O ano de 2002 tinha que ser diferente. Precisávamos de uma estratégia forte para tornar a 4Linux reconhecida em sua capacidade técnica. A empresa tinha apenas 6 meses de vida e a solução foi trazer uma certificação internacional de Linux para o Brasil: algo novo no mercado brasileiro em termos de software livre e Linux.
Em 2 de janeiro de 2002, enviei um e-mail para a vice-presidente do LPI, Wilma Silbermann, solicitando informações de como trazer o LPI para o Brasil. A resposta foi que somente a equipe do LPI é quem podia aplicar a prova.
Após longo trabalho de conquista de confiança e resultados, entendemos melhor os conceitos com os quais o LPI trabalhava. Por nove meses, insisti em trazer alguém do LPI para aplicar as provas. A 4Linux não podia arcar com os custos do transporte e todo o dinheiro arrecadado com a venda das provas seria entregue ao LPI. Essa era a proposta.
Quase desisti diante de tantos obstáculos: provas em Inglês, alto custo da prova (US$200,00 na época), o LPI era pouco conhecido no Brasil… Mas não desisti. Essa foi a diferença entre a 4Linux e outros que dizem que foram os primeiros a manter o contato com o LPI. Fomos persistentes!
Durante esse período, todas as palestras ministradas pela 4Linux em faculdades explicavam o que era a certificação LPI. Incentivávamos os ouvintes a estudar – com cursos da 4Linux ou sozinhos – e a prestar as provas eletrônicas (VUE ou Prometric).
Passamos a conhecer profundamente como a certificação funcionava, a ponto de os professores, já naquela época, darem as aulas na 4Linux com foco no LPI e em segurança. Isso nos trouxe um diferencial competitivo muito grande, obrigando a concorrência a ir pesquisar o que era LPI, como funcionava, quais os benefícios para os clientes, como adequar isso aos seus cursos, capacitar a equipe, etc.
Em junho, liguei para o presidente do LPI no Canadá. Eram 9 horas da manhã no Brasil e, por pura falta de sensibilidade minha, acordei o presidente às 6 horas da manhã. Minha insistência foi tanta que o venci pelo cansaço: ele resolveu tentar trazer alguém do LPI para aplicar, pela primeira vez no Brasil, uma prova em papel.
Para minha surpresa, dia 29 de julho de 2002, recebi um e-mail de Jon ‘maddog’ Hall dizendo que haveria uma possibilidade de aplicação da prova do LPI no Brasil, pois ele estaria no Uruguai e poderia vir até o Brasil, saindo de Montevidéu, entre os dias 19 e 26 de outubro.
O maior problema seriam as passagens do Uruguai para cá e daqui para o LinuxWorld, na Alemanha. O próprio ‘maddog’, vendo o nosso grande interesse em realizar as provas no Brasil, ligou para a OpenGroup e solicitou, com sucesso, ajuda financeira para o pagamento das passagens. A 4Linux pagaria toda a hospedagem, alimentação, fotógrafos e filmagem para a primeira aplicação da prova em papel no Brasil.
No dia 22 de setembro de 2002, novo e-mail do ‘maddog’ e a seguinte agenda:
Cannes October 24th and 15th
Montevideo October 17th (arriving 1235 PM) to and including October 21st
Sao Paulo October 22nd and 23rd – 4Linux – LPI Tests
Rio de Janeiro October 23rd (late) to October 25th (late)
Seria uma correria enorme, tínhamos apenas um mês para divulgar as provas, conseguir inscritos e realizar o evento: filmagem, fotos, organização e prestação de contas ao Canadá. Seria um mês de enorme trabalho, mas a conclusão de um esforço que começou dia 2 de janeiro.
Na época, a prova custava US$200,00, mas a 4Linux conseguiu mostrar a realidade brasileira para o LPI Mundial e sugeriu o preço de R$150,00; o Canadá gentilmente aceitou. Foi um sucesso enorme para o mercado Linux e para a 4Linux. ‘Maddog’ e eu aplicamos a prova em 23 de outubro de 2002.
Cada inscrito ganhou, nesse dia, uma camiseta com o logotipo da 4Linux, da OpenGroup e do LPI. A camiseta foi histórica e ainda hoje vejo algumas em eventos de Software Livre.
Tudo aconteceu como planejado. Só descansamos quando ‘maddog’ embarcou para a Alemanha.
Me lembro de alguns acontecimentos engraçados: antes de começar a prova com todos os presentes um pouco tensos, ‘maddog’ quebrou o gelo:
“Don’t panic…”
Foi uma gargalhada geral. Outro fato marcante foi o quando ele resolveu imitar Bill Clinton depois que todos tinham saído da sala e a última prova entregue foi picotada (eram entregues apenas a folha de respostas). O próprio ‘maddog’ estava mais aliviado, pois me disse que era a primeira vez que aplicava uma prova do LPI e ficou feliz de ter sido no Brasil.
Tenho um agradecimento especial à equipe da 4Linux, que me ajudou muito, especialmente à minha sócia, Henrimeli Cataldi, que ajudou em toda a logística.
A partir daí, a empresa resolveu criar a ONG LPI Brasil. Montar um conselho, eleger uma diretoria e fortalecer o LPI para crescer independentemente da 4Linux. A ONG LPI Brasil foi criada no final do ano de 2003 e fui eleito como o primeiro presidente da entidade, por 2 anos.
A ONG LPI Brasil foi financiada pela 4Linux nos 2 primeiros anos. Em contrapartida – e como forma de reconhecimento – o presidente mundial do LPI, Evan Leibovitch, nos cedeu os direitos de patrocínio por 1 ano.
Por fim, este foi o e-mail do ‘maddog’ para o LPI Mundial, com cópia para mim, dia 24 de outubro de 2002:
Hi, I just thought that I would report on the successful testing of 101 students in Sao Paulo yesterday. I will copy the test sheets tomorrow when I return to the USA and mail them to Wilma. Marcelo Marques was more than a host and a faciliator, he was (and is) a good friend, and his staff at 4Linux made me feel more than just “at home”. I am really glad that we did this for them.
Maddog
Foi uma experiência incrível, e, desde então, tive a sensação e a certeza de que tudo que fosse feito pela 4Linux deveria começar pela inovação.
A ONG LPI Brasil foi extinta em agosto de 2006. Por todo o trabalho que havíamos feito a 4Linux foi escolhida para representar o Linux Professional Institute no Brasil, como afiliada ao LPI.
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